Dia Nacional do Aposentado: há o que
se comemorar?
Em 24 de janeiro é
comemorado oficialmente o Dia Nacional do Aposentado,criado a partir da Lei 6.926/1981 de autoria do ex-deputado
federal e ex-presidente da Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas
e Idosos - Cobap, entidade que reúne os aposentados da iniciativa
privada), Benedito Marcilio. A data foi escolhida para lembrar e comemorar o
histórico dia que foi aprovado a Lei Eloy Chaves em 24 de janeiro de 1923,
criando a Caixa de Aposentadoria e Pensão para os empregados das estradas de
ferro, dando origem à Previdência Social, que hoje paga benefícios a milhões de pessoas.
Cabe
lembrar também que há outra comemoração, pois em 17 de junho comemora-se o Dia
do Funcionário Público Aposentado. E, como servidores públicos, temos também a
comemoração do Dia do Funcionário Público, 28 de outubro. Ou seja, o que não falta é data para
comemorarmos. E, nesse sentido, muitas entidades por todo o Brasil organizam festividades em
comemoração à data, o que ajuda inclusive a aumentar a auto-estima da categoria
(se é que podemos chamar os aposentados de uma categoria, pois a forma como os
governantes em geral os tratam a impressão que dá é que eles querem mesmo a sua
extinção).
Mas de qualquer forma, podemos aproveitar estas três datas –
e mais tantas quantas aparecerem com o intuito político ou politiqueiro de
homenagear a data – para fazermos o que realmente interessa: refletirmos sobre
a situação dos aposentados e também dos pensionistas em nosso País.
Queremos lembrar, em primeiro lugar, que tanto os aposentados
da iniciativa privada como os do serviço público sofrem com os desmandos das
autoridades e sofrem com medidas sempre prejudiciais a eles. Caso do reajuste
do salário mínimo, que vem há anos, sendo diferenciado para aqueles que ganham
mais de um salário mínimo: ou seja, esses recebem um reajuste menor que os que
têm um salário mínimo, o que vem provocando um achatamento e provocando a perda
do poder aquisitivo de milhões de aposentados por todo o País. E é nesse sentido que clamamos pela aprovação
urgente do Projeto de Lei n 4434/2008, somando esforços ao movimento UNA-SE,
que reúne a Cobap e o Instituto Mosap – Movimento dos Servidores Públicos
Aposentados e Pensionistas, com grande atuação no Congresso Nacional.
Quanto aos aposentados do serviço público, que durante a
ativa pagaram a aposentadoria sobre o total de seus vencimentos (os novos
servidores já não têm esse direito, pois a E.C. 40/2003 retirou-o), a Reforma
da Previdência de 2003 deu-lhes um “presente”: o desconto da contribuição
previdenciária de 11% no que receber acima do teto do INSS. Ou seja, o Brasil é
o único País do mundo onde o aposentado e o pensionista contribuem com a Previdência,
ou seja pagam por um direito já adquirido, o que é na verdade um imposto, uma taxação indevida.
Para solucionar essa questão, que teve o aval do Supremo
Tribunal Federal, numa decisão política e de caixa e não embasada na
Constituição, como deveria ter sido, as entidades dos servidores de todo o Brasil
apoiam a tramitação da PEC 555/2006, que, em sua última redação, preceitua o
fim gradativo da contribuição previdenciária dos servidores aposentados e
pensionistas. A matéria se encontra, há muito tempo, pronta para votação, mas
sua análise pelo Plenário da Câmara dos Deputados vem sendo postergada, pois o
Governo, que tem a maioria, não abre mão dessa cobrança.
Este é apenas um caso, muitos outros direitos de servidores
aposentados e pensionistas estão tramitando no Congresso Nacional (como a
integralidade salarial dos aposentados por invalidez, que foi aprovada pela
Câmara dos Deputados e agora se encontra em tramitação no Senado Federal, como
PEC 56/2014 e, que esperamos seja
aprovada ainda neste semestre, para se fazer, no mínimo, justiça).
Muito mais poderíamos dizer a respeito dos direitos retirados
de trabalhadores aposentados em geral, inclusive o seu patrimônio
previdenciário que foi dilapidado com obras faraônicas durante décadas, sendo
que hoje se fala em déficit da Previdência, o que é contestado pelas entidades
de profissionais que fiscalizam esse setor, pois há provas de que a Previdência
é superavitária em mais de R$ 70 bilhões, sendo esse dinheiro desviado para
outros setores do Governo, através de manobras legais.
E não poderíamos, por último, deixar de mencionar a MP
664/2014, que, entre outras medidas, modifica o sistema de pensões dos
trabalhadores em geral e dos servidores públicos federais, o que em breve deve
ser estendido aos demais servidores. Esperamos que a Câmara dos Deputados rejeite
essa Medida Provisória e obrigue o Governo a apresentá-la como um projeto de
lei a fim de que seja discutido de forma veemente com toda a sociedade, a fim
que apenas os exageros sejam reprimidos e não prejudiquem os pensionistas como
já está acontecendo com a referida MP, conhecida também como a MP da vaca que
tosse, uma vez que a nossa presidente, em sua campanha eleitoral afirmou em
alto e bom som que em seu Governo não haveria cortes na legislação trabalhista,
“nem que a vaca tussa”.
Mas, como a data é festiva, queremos aqui deixar nossos
parabéns a todos os trabalhadores aposentados, lembrando-lhes que é,
principalmente, uma data de reflexão e de lutas, para que não percamos os
poucos direitos que conseguimos amealhar durante nossa vida profissional.